Portuários reclamam da falta de diálogo com autoridades

Escrito por: CUT Rio

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Após assumir o Ministério da Infraestrutura, o ministro Tarcísio Gomes Freitas, prometeu aos trabalhadores portuários que faria uma gestão pautada no diálogo e na participação, com total transparência. O que ocorre na realidade é muito longe disso.

Há dois anos os trabalhadores Portuários do Rio de Janeiro sofrem com falta de representação no conselho de administração da Companhia Docas do Rio de Janeiro – CDRJ, o que ocasiona um caos para quem trabalha nos portos do Rio de Janeiro. Todos estavam cientes que haveria mudanças, uma vez que a marca deste governo é o desmonte do aparato público e a entrega sem restrições da soberania nacional, mas ninguém estava preparado para o que iria acontecer.

Desempregos em massa já são uma realidade. A CDRJ hoje emprega cerca de 850 trabalhadores, mas destes 8 já foram demitidos da operação, 10 demitidos na guarda portuária e outros 120 estão na mira da atual gestão inconsequente da empresa. Isso é um percentual muito grande quando comparado ao total de trabalhadores da categoria.

O desmonte não pode ser atribuído somente ao Rio de Janeiro, ações parecidas já acontecem, por exemplo, no Espírito Santo. As mudanças acontecem descumprindo acordos feitos com os trabalhadores, nos mesmos moldes que estamos vendo em outras empresas como a Petrobrás e a Casa da Moeda.

Os mais atingidos pelas medidas são os trabalhadores da Guarda Portuária. A escala de trabalho está sendo alterada de maneira quase aleatória. Essa rotina é especialmente cruel com quem tem outra função para complementar a renda, sem falar nas famílias que não conseguem fazer um planejamento a médio prazo de quando terão seu pai, marido, esposa, mãe em casa para o convívio familiar.

Pior do que isso, nesta semana foram retiradas as viaturas da Guarda Portuária com a desculpa de que se gastava muito. Como se faz uma vigilância eficaz em um terreno extenso sem transporte? É uma economia burra que precariza o trabalho dos guardas.

A vida para quem trabalha em outros setores não é muito melhor, muitas pessoas estão sendo transferidas da operação para funções internas em Docas. Desta maneira toda a operação fica prejudicada, trazendo inclusive mais riscos para funções que trabalham em ambiente insalubre.

Insalubridade é outro ponto que preocupa a vida dos funcionários. Foi contratada uma auditoria fajuta para provar uma afirmação absurda: O porto não é insalubre, não há riscos. Ora, se trafegam ali maquinários pesados, há resíduos tóxicos e acúmulo de materiais, é mais do que óbvio para qualquer leigo que se trata de uma atividade insalubre e com risco à vida.

O presidente do Sindicato dos Portuários, Sergio Giannetto, é engenheiro de segurança, com mestrado na área ambiental. Ele fez um estudo em paralelo, provando a periculosidade do ambiente portuário. Com posse do estudo, o presidente de Docas, O vice-almirante Francisco Antônio de Magalhães Laranjeira, disse que iria rever as medidas adotadas contra os trabalhadores e nada foi feito, caracterizando mais uma vez a indisponibilidade de diálogo entre os trabalhadores e a gestão que estão implementando.